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Combustão Espontânea
A combustão, aparentemente espontânea, do corpo humano é um dos mistérios mais impressionantes da actualidade. O corpo arde, ficando quase totalmente reduzido a cinza. Os exames post-morten destes casos sugerem que as causas destes fenómenos podem estar relacionados com incêndios domésticos. Mas o que deixa perplexo o observador é o facto de os móveis e outros objectos ao redor da vítima não serem destruídos pelo incêndio. As próprias roupas ficam muitas vezes intactas, apesar de as temperaturas atingirem níveis muito elevados. Há também alguns casos em que o incêndio atinge os vários objectos de forma selectiva, independentemente de serem ou não inflamáveis.
Na tentativa para caracterizar o padrão das vítimas destes fenómenos, assinalou-se a preponderância de pessoas de comportamento solitário, isoladas, idosas e do sexo feminino. Também se verificou a predominância de pessoas excessivamente gordas.
O exame do aspecto físico das vítimas revela a quase total combustão de todos os tecidos, incluindo o esqueleto, deixando intactas apenas as extremidades do corpo. As cinzas resultantes da combustão espontânea são de cor negra e têm menor consistência do que as resultantes da cremação.
Os médicos tentam explicar este fenómeno pelo efeito de "tocha humana". Sugerem eles que as pequenas queimaduras, do segundo e terceiro grau, podem causar inconsciência e permitir o início da combustão de forma não muito diferente à de uma lamparina ou vela.
Outros apresentam hipóteses paranormais. Recorde-se que até já foi pedida uma vez a declaração de calamidade pública na cidade de Lucknow, devido a acidentes supostamente provocados por fogos "induzidos paranormalmente" por "espíritos-de-fogo".
Há, ainda, a ideia de que a combustão espontânea seja causada pela electricidade. Admite-se, nestes casos, a existência de pessoas capazes de gerar cargas eléctricas suficientes para provocarem focos de incêndio no próprio organismo.
Admite-se que o maior número de casos de "combustão espontânea" se verifique na Ásia, em zonas de influência da cultura chinesa. Esta particularidade foi documentada pela expedição Blair, denominada "Anel de Fogo", que se realizou na Indonésia.
O caso mais conhecido de combustão espontânea de um corpo humano é o de B. Oczki, de Bolingbrook, Illinois, E.U.A. A senhora Oczki assistia a um programa de televisão na noite de 24 de Novembro de 1979, quando teria sido vítima de combustão espontânea. Quando, na manhã seguinte, a encontraram, o televisor ainda estava ligado e o jornais, a cerca de quarenta centímetros, não estavam minimamente danificados.
O teto, por cima do corpo, apresentava os efeitos do calor: a tinta estava empolada. Uma lata de cerveja tinha rebentado e a caixa metálica do leitor de vídeo estava derretida. O incêndio consumiu o oxigénio ao ponto de ter provocado a morte dos seus dois cães. Na cozinha, a luz de vigia ficou avariada.
1. Causas Físicas
A combustão espontânea do corpo humano é, provavelmente, causada pelo calor gerado por reacções químicas internas. Ainda que ninguém tenha presenciado este fenómeno, há vários investigadores que aceitam sem relutância a combustão espontânea de pessoas vivas.
Todavia, a maior parte dos casos conhecidos referem-se quase totalmente a cadáveres. No século XVII, acreditava-se, na Alemanha, ter havido pelo menos uma pessoa que sucumbiu desta forma depois de uma forte ingestão de álcool. Mas, se admitirmos que a grande quantidade de bebidas alcoólicas pode ser a causa da combustão espontânea, estes casos deveriam ser mais frequentes.
2. Possibilidades Físicas
As possibilidades físicas de combustão espontânea do corpo humano são remotas devido a dois factores. Um relaciona-se com o grande volume dos líquidos orgânicos; o outro, com a pequena quantidade de substâncias facilmente inflamáveis: a gordura e o gás metano. Além disso, o corpo nunca se poderá incendiar, se não houver uma temperatura ambiente extremamente elevada. A cremação, por exemplo, exige uma temperatura de 700 a 1000 graus centígrados, durante muito tempo. Uma reacção química capaz de inflamar o corpo encontraria uma dificuldade idêntica.
É verdade que a temperatura de fusão da gordura é muito baixa. Mas, mesmo assim, precisa de uma fonte de calor externa. Contudo, uma vez iniciada a combustão, alguns investigadores admitem a possibilidade de o corpo se comportar como se fosse uma "tocha humana", devido à existência da gordura. O Dr. John Hann, do Instituto de Criminalística da Califórnia, tentou prová-lo experimentalmente, usando cadáveres de animais.
Os Drs. Joe Nickell e John Fisher verificaram que em todos os casos em que o grau de destruição é mínimo, a única fonte de combustível identificada foram as próprias roupas da vítima. Nos outros casos, em que a destruição do corpo tinha sido mais considerável, havia fontes adicionais de substâncias combustíveis na proximidade.
Os dois investigadores julgam provável que a existência de fontes de calor externas – como velas, cigarros, lareiras, etc. – sejam suficientemente capazes de incendiar o corpo. Esta possibilidade é normalmente ignorada por aqueles que procuram ansiosamente encontrar causas para a combustão interna espontânea.
Robert T. Carroll
Bibliografia Sumária
Edwards, Frank – Stranger than Science (New York: L. Stuart, 1959).
Gaddis, Vincent – Mysterious Fires and Lights (New York: D. McKay Co., 1967).
Hitching, Francis – The Mysterious World: An Atlas of the Unexplained, 1st American ed. (New York: Holt, Rinehart, and Winston, 1978).
Marshall, Richard. et. al. – Mysteries of the Unexplained (Pleasantville, N.Y.: Reader’s Digest Association, 1982).
Nickell, Joe – Secrets of the Supernatural: Investigating the World’s Occult Mysteries with John F. Fischer (Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1991).
Oliver, John Rathbone – Spontaneous Combustion, a Literary Curiosity (Chicago: The Argus Book Shop, Inc., 1937).
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