FILOSOFIA
Reflexões de um Homem Idoso
Segundo opinião de conceituados espiritualistas, a vivência humana no plano terrestre está sujeita a três forças, nomeadamente: o destino, a vontade do homem e a providência.
Sempre que os seres humanos se deixam conduzir pelas circunstâncias que surgem e dominam as suas existências, não reagindo ou procurando alterar as mesmas, tornam-se escravas do destino, ou seja, das consequências das suas vidas presentes ou dum passado que fica atrás da sua actual incarnação.
O destino, no seu aspecto espiritual, tem por finalidade a correcção ou consolidação das suas faculdades evolutivas, com a reparação dos prejuízos causados no passado, ou até no presente. Infelizmente, essa força que designamos "passado" só por si é susceptível de repetir os anteriores erros e de causar novos prejuízos, quer aos semelhantes quer mesmo aos outros reinos da natureza cujas leis descure ou não se pratique.
Quando nos apercebemos da multidão de erros e desvios dos fenómenos da natureza, há que ter presente que os mesmos foram, ou são, fruto das transgressões que os homens, no passado ou na actualidade, praticaram.
A vontade do homem é um factor muito importante que reage às consequências do passado que resulta das incarnações anteriores, ou mesmo dos acontecimentos presentes, que acabam por se reflectir no nosso dia-a-dia.
Se o homem consagrar a sua vontade não só na correcção do passado, mas também no empenhamento em prosseguir a sua evolução, pode contar com o auxílio ou inspiração da terceira força, ou seja, da Providência, tornando efectivo o progresso da sua consciência e do seu carácter.
O objectivo da vida humana com base nas leis divinas consiste em procurar sempre viver em harmonia com essas leis, tendo como constante ideal a justiça, a verdade, o bem estar geral e a perfeição. Só quando o homem respeita e obedece a esses princípios legais, é que a finalidade da sua existência se realiza num desenvolvimento das suas faculdades, que Deus previu quando nos deu o ser, criando-nos à sua "imagem e semelhança".
A Providência nunca abandona o homem, mas infelizmente é este que muitas vezes a esquece ou ignora. Como a história nos relata, de tempos a tempos são enviados seres elevados, profetas e messias, que, para cada época e para cada zona, comunicam os seus mais apropriados ensinamentos.
Sempre que a vontade humana se identifica com esses ensinamentos e os põe em prática, actua como expressão da Providência e realiza concretamente a finalidade para que nos foi dado o ser e para que viemos a este mundo, activando as nossas faculdades e transformando as consciências em todos os domínios da mais pura espiritualidade.
Quando o homem viver uma existência que se possa considerar como resultado do amor divino, é rodeado por condições que, finalmente, o encaminham para o bem e para a perfeição, num aspecto que o torna, de facto, semelhante à imagem de Deus.
A sabedoria divina tudo dispôs ou ordenou nesse sentido, concedendo no entanto aos seres humanos o livre-arbítrio para que evoluam voluntária e conscientemente, desenvolvendo novas e diferentes fases do seu crescimento. A sabedoria divina tudo determinou, embora nunca impedindo os homens de exercerem a natural faculdade de escolha e de decisão. Pela providência nada é imposto ou forçado, antes inspirando e inclinando para o normal desenvolvimento, deixando aos homens a decisão do caminho a seguir e a determinação dos seus objectivos.
O livre-arbítrio desperta muitas vezes ambições desmedidas e faz esquecer os bons ensinamentos que a providência espalhou por todo o mundo. As chamadas "leis da natureza", quando postas em prática, facilitam a consciência da fraternidade universal, pois na realidade somos todos filhos de Deus, portanto irmãos, embora com um desenvolvimento diferente.
Q. de S. V.
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